sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Dois poemas



Mirou
o horizonte
E viu
A nau
Ferindo o caos
E abrandando o calor
Com suas vestes pálidas
E a curiosidade
De espelhos e baralhos
Matou a poesia da gente nua.
E a fronteira se desfez

O sol
savana
Os pés
rachados
No chão rachado
Os orixás se vão
Pelo vão
Deixados pela cultura
Contra a cultura
Contra cultura enfiada goela abaixo
E a fronteira se desfez

Norte e sul
Colônias
Leste e oeste
Metrópoles
Rosa dos ventos
Que espalha a peste, o sangue
Da libertação ariana
Da sucessão do poder
Do domínio
Do extermínio
E a fronteira se desfez

A guerra
Frígida
O sangue
Cálido
A mata inóspita
O deserto lúgubre
O ouro líquido
A ganância sólida
Crianças atônitas
Bombas atômicas
E a fronteira se desfez

As Globos
Velocidade das informações
Um globo
muitas globalizações
Ansiosa pressa
Medo do terror
George. W.W.W.bush.com
Com permissão para matar
Em nome de Deus
Contaminando o mundo
E a fronteira se desfez

Minha terra
Tua terra
Pronomes
Possessões
Liberdade e propriedade
Ambições
Minha letra
Tua música
Nossa poesia
Real pronome
E a fronteira já não há.





Poeta Morto

Hoje eu faço um poema breve
Com dizer mais leve
Que a neve que não caiu.

E me vou para o trabalho,
Só mais daqui a pouco
Louco? Não, apenas vagabundo.

Uma dia me disseram:
“Matem todos os poetas!”
Então sobrevivam, seus patetas,
Tensos, presos em seus grilhões...

Pois prefiro um poeta morto
Que um morto vivo a trabalho,
Buscando da vida os retalhos
No que resta do coração.



Piter Zander (poeta pescador dos campos gerais paranaenses)
Imagens 1. Carybé 2.Van Gogh

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