domingo, 22 de fevereiro de 2015

Sonho real



Há dias que fiz na opacidade minha morada:
e todos os verdes são tão iguais,
e qualquer palavra só faz o mesmo sentido,
e meus sonhos se tornaram reais.
Há coisa mais triste que um sonho real?
As árvores que só dançam com o vento
sem jamais se soltarem do chão,
e ondas de um sempre idêntico mar,
e cantigas de ninar à meia voz,
e amantes sorrindo como se só houvesse o amor,
e todos morrendo como se só houvesse a dor
e eu me perguntando:
pra que rimar amor e dor?


Imagem: Paul Gauguin. O Sonho (Te Rerioa). 1897. Courtauld Gallery, Londres.

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