Ao fundo do abismo! Não para buscar um novo fundo, não para procurar um in-fundado fundamento, mas para abraçar o nada num enlace negativo: eis a dýnamis do humano - anéantir le néant!
Não se trata de um niilismo que quer o nada, mas de um niilismo levado ao extremo na negação deste nada - anéantir le néant!
Num ultraje às formas pré-feitas, per-feitas, des-feitas do presente falsificado em nada - anéantir le néant!
Um tempo outro, uma história em coleção, na ruptura da seqüência historiográfica - anéantir le néant!
Somente se apreendermos a tão prometida (e sonhada) eternidade vindoura no átimo do instante presente (no kairós instaurado pelo messias - que já está sempre aqui; que desde sempre já veio) é que nos livramos do fundamento e o verdadeiro humano - o ser potencial - pisa o solo de sua terra, de sua pátria: um solo e uma pátria sempre faltantes - anéantir le néant!
O dia do juízo!!! Eis a nossa condição histórica normal, para além da qual não há um a-tempo eterno, um paraíso glorioso - anéantir le néant!
Ir ao fundo do abismo sem tocar seu suposto (pretenso, mítico) fim fundamental - anéantir le néant!
Experimentemos nossa impotência, porque é nela que somos pura potência, nela somos criadores - anéantir le néant!
Provemos da nossa condição para do seu amargo gosto criarmos os mais doces frutos - anéantir le néant!
Neguemos sim, mas não no remorso da lembrança daquilo que nunca foi - anéantir le néant!
Não há o passado com o qual sonhamos (e no qual está eternizado um futuro, no pretenso retorno daquilo que não foi), este sempre nos falta, é sempre ausência - anéantir le néant!
Resta-nos apenas uma coisa: encarar nossa condição de seres faltantes.
Eis aí o nosso sentido...
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