segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Presença do amor



O tempo do amor é o presente
o presente que tudo contém
a aparição real de tua alma e teu corpo
o ilusório de ti
teu encantamento
também tua distância
às vezes só um nome
e uma voz que eu escuto claramente a meu lado
és um sonho, és um pássaro ou o rumor de uma fonte?
e mesmo que estejas ou não estejas
sonho e pássaro e fonte
detiveram o tempo
como na velha cena
contada em uma fábula.

Grande desventura tua ausência
que eu procuro em vão conjurar
como vês
com pobres artes de imaginação
a pequena moeda que é dada
ao homem solitário
que te faz viver em sua memória
como uma gazela perdida no bosque
e encontrada na noite do regresso:
porque foste quem eras de vez
em uma hora
de esplendor não abolido
uma hora que sempre é o presente
e é todos os momentos
como tu
sempre igual a ti mesma.

Pedro Lastra. Presencia del amor. In.: Antología del extranjero. Bogotá: Ediciones Brevedad, 2002. pp. 72-73 (trad.: Vinícius Honesko)

Imagem: Gustav Klimt. A fecundação de Dânae. 1907.  Galerie Würthle, Viena.

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