Imóvel é não diferir no tempo, é rasgar as amarras das coordenadas, sem por isso deixar-se ficar... Fico, sempre só... à espreita do nada. Nada. Complexa palavra, sempre virgem e desavergonhada que, sem pudores, irrompe a crosta do conceito e permanece alí, como que a dizer algo. Não, não diz nada. Nada. Insistem até em dizer que de lá viemos e para lá voltaremos. Nada. Fico sempre terrificado diante (será que diante?) dele. Não sei, acho que não parei diante dele. Estava imóvel, porém, não parado. Imóvel não é apenas falta de movimento. Não é falta, é plenitude. Detesto a plenitude. Mas também acho que tenho receio (medo?) do nada. O que os difere, plenitude e nada? Nada.
A reserva de alguns diante de temas tidos como sérios às vezes me causa flatulência...
A anedota que faz rir nos diz tanto de verdade quanto o mais sério dos tratados teológicos...
Será que Daniel estava imóvel?
Um comentário:
Khôra, talvez a imobilidade seja a condição pra perceber o mar inextenso (e por isso pleno, sem fechamento possível) da negatividade que subjaz à "empresa humana". É antecipar a morte para poder enfrentar o nada (e nele não sucumbir).
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