sábado, 22 de fevereiro de 2014

Poema em bilhete



Rosa, bela, e se esta maturidade for apenas o gesto sem precipitação, sem o patinhar? Intuir possíveis, estar à espreita, potencializar o agora. Angústias serão sempre irresolvíveis, mas não mais acovardam, não mais convidam ao desespero. Uma maturidade já condenada, mas gladiadora, virtuosa em seu abandono. 

A luz produz matizes nestes subterrâneos, revelando que a profundidade e a superfície são apenas efeitos visuais. Trucagens. Prefiro a textura, o gosto e o cheiro de sua pele.

Que toda santidade seja esvaziada e sejam benditos os ritos de paganismo criados a qualquer tempo nas loucuras da paixão, da embriaguez e da poesia. Baudelaire e Rimbaud não voltaram para casa. 

Dionísio, a vida que não se resignou a vegetar, habita os interlúdios, os entre-lugares. O limiar do entre-nós que não é meu nem seu mas pare um mundo. A respiração que sempre recomeça a cada invocação de uma rosa: is a rose is a rose is a rose.     


Imagem: Paul Klee, "Rose Wind" (1922)            

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