"Yo soy de los que creen que el ser humano está condenando de antemano a la derrota, a la derrota sin apelaciones, pero que hay que salir y dar la pelea y darla, además, de la mejor forma posible, de cara y limpiamente, sin pedir cuartel (porque además no te lo darán) e intentar caer como un valiente, y que eso es nuestra victoria"
Roberto Bolaño. (apud: Jorge Herralde. Para Roberto Bolaño. Bogotá: Villegas Ed, 2005. pp. 101-102).
a Pedro Zander (1950-2014)
São muitos os rios
rios que os nomes não esgotam
correndo, cada um a seu modo, para o grande oceano
sim: há represas, há diques, há o mercúrio
a valentia, para o rio, é atravessar
Pedro, demasiadas foram as travessias
longos planaltos, o caudaloso rio
o rio que hoje é um fio
entardeceres de rio, vigílias de rio
alguns milhares de anos entre os pescadores homéricos
e os rústicos pescadores evangelistas
outros milhares até os pescadores do Tibagi,
do São Francisco e do Uruguai
as margens sem limites do rio da memória
o rio heraclitiano do tempo
rio Estígia abrigo de todos os mortais
multitudinária a história humana
mas apenas uma é a despedida
resta pelear e lançar novamente redes,
a boa-nova do pobre Simão
sua comuna e um balcão às margens do infinito
deixo meu taco de sinuca, minha rede
meus apetrechos de luta
deixo muitas saudades, risos, peleas na madrugada princesina
deixo um nomeo pescador vira rio
segue para o mar
Imagem: Paul Gauguin. Pobre pescador. 1896. Acevo Masp.
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