Anônimo é todo aquele que se propõe “orientar-se” nas assimetrias da linguagem. Pois a linguagem é formada por arestas, dobras, frestas, fraturas, declives. Virtualidade com topologias próprias, extratos, camadas superpostas (onde “meta-linguagem” e ”linguagem objeto” são indiscerníveis); uma geografia acidentada e distendida: simulando o infinito na condição de vetá-lo... Mares inóspitos - de liberdade - policialmente cerceados. Neles se localizam águas coaguladas (até mortas); de uso comum; paraísos; rotas de bucaneiros, salteadores e contrabandistas; zonas de leves marolas; correntes turbulentas e mortais. Porém, mesmo o mais “selvagem” destes espaços não deixa de ser desde sempre patrulhado; é preciso acima de tudo evitar o risco do nada (caos?) situado fora do universo linguageiro (mesmo os presságios e suposições sobre este não-lugar são arriscados): onde o aventureiro arrisca a se transmutar em lunático, enfeitiçado por sereias, opiômano ou lotófago, parvo, degredado da “comunidade dos homens” (convivendo e compartilhando da condição das bestas, animais, mitos e demais entidades inumanas). Odisseu quando nomeia a si mesmo “Ninguém” é aquele que, no limite, ainda preserva uma identidade de discurso e expõe o mais elementar (e portanto exemplar) estado desta instância: o anonimato.
Imagem The Collective Invention. René Magritte. 1933.
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