Qué
cosas lo aburren?
El
discurso vacío de la izquierda. El discurso vacío de la derecha ya lo doy por
sentado.
Da
última entrevista de Roberto Bolaño (nuevamente)
jonnefer barbosa
Há uma nova
tendência de moda que pretende se desprender dos trajes démodés do esquerdismo
cirandeiro e apresentar-se como “radical”: são os estalinistas de rede social.
Mas não há nada de radical no estalinismo. Stálin foi um oportunista criminoso.
As guerras civis russas, que derrubaram as forças policiais czaristas, foram
vencidas pelo exército vermelho formado, treinado e comandado por Liev
Davidovich Bronstein, vulgo Trotsky. Stálin só se tornou líder supremo destas
forças perseguindo Trotsky: prendendo-o, torturando-o, matando milhares de
apoiadores e quase todos os familiares, apagando-o da história oficial soviética
para em seguida executá-lo no México, em 1940, com Ramón Mercator e uma
picareta de gelo. Antes, em 1939, assinou um pacto de não agressão com os
nazistas. O pacto Molotov-Ribbentrop só foi rompido, e Stálin se viu obrigado a
combater seus antigos aliados, em virtude da Unternehmen Barbarossa: a
tentativa de invasão dos nazistas à União Soviética em 1941. Quem defendeu os
territórios russos e verdadeiramente venceu a guerra foram as pessoas comuns
treinadas por um judeu que se tornou pária, perseguido e assassinado no mais
desesperado exílio.
O estalinista
cirandeiro esquece tudo isso e louva, em uma contraditória lamúria seguida por centenas de incautos, O Estado, O Partido, A Organização. Mas sem laivos
“utópicos” ou derivas “anarquistas”: seu Estado é o mesmo da Polícia Militar –
são “trabalhadores” – e seu partido é o que está aí: o estalinista cirandeiro
filia-se aos partidos registrados e permitidos pelo TSE. Sua única
“clandestinidade” é vender livros por editoras alternativas chiques da
burguesia de esquerda paulistana. Sua organização é o Twitter®, o Facebook®, o
Instagram®, o YouTube®. Louvam a violência, porém atirariam nos próprios pés se
lhes dessem armas (ou seriam abatidos pelos milicianos treinados). O
estalinista cirandeiro esquece que a revolução russa implicou a destruição das
estruturas e do estado czarista, e que Stálin, seu protótipo de masculinidade,
foi um retorno contrarrevolucionário ao czarismo sob assinatura burocrática,
ressentida e sanguinária.
Os estalinistas de
rede social são cirandeiros pois seu estalinismo, felizmente, é só de fachada.
Um marketing, uma marca. Leve e vendável atentado ao pudor politicamente correto. Como o sangue e a violência o são para Zé do
Caixão ou Robie Zombie: máscaras e performances. Mesmo porque, se uma forma
estalinista fosse instaurada politicamente, a facção cirandeira seria a
primeira a ser exterminada. O antissemitismo arraigado e institucionalizado de
Stálin foi também uma forma de racismo necropolítico, obviamente distinto do
nazifascismo.
Há um revival
estalinista na esquerda brasileira? Não,
apenas alguns jovens incautos fazendo pose de radicais e marketing pessoal nas
redes. O objetivo último do estalinista cirandeiro não é a revolução, mas
chocar a esquerda acadêmica acomodada com seus cargos (isso é ótimo!) e ganhar alguns seguidores
nas redes sociais hoje dominadas por robôs e bolsominions neopentecostais. Luta
inglória e perdida.
Os estalinistas
serão sempre aqueles que tentarão restaurar e manter a polícia e o poder do
Czar. Não o destruir. Os estalinistas são os reacionários da história. A
paródia grotesca e genocida de uma revolução. O estalinismo cirandeiro é a
paródia de uma paródia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário