domingo, 1 de julho de 2007

Glória

"Em toda obra de arte autêntica existe um lugar onde aquele que a penetra sente uma aragem como a brisa fresca de um amanhecer. Daí resulta que a arte, muitas vezes considerada refratária a qualquer relação com o progresso, pode servir a sua verdadeira definição. O progresso não se situa na continuidade do curso do tempo e sim em suas interferências, onde algo verdadeiramente novo se faz sentir pela primeira vez, com a sobriedade do amanhecer."
(BENJAMIN, Walter. Passagens. Belo Horizonte: UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006. p. 516)
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Gloria in excelsis Deo;
Et in terra pax
hominibus bonae voluntatis.
Laudamus te.
Benedicimus te.
Adoramus te.
Glorificamus te.
Gratiam agimus tibi
propter magnam gloriam tuam.
Domine Deus, Rex coelestis,
Deus Pater omnipotens.
Domine Fili unigenite, Jesu Christe.
Domine Deus,
Agnus Dei,
Filius Patris.
Qui tollis peccata mundi,
miserere nobis..
Qui tollis peccata mundi,
suscipe deprecationem nostram.
Qui sedes ad dexteram Patris,
miserere nobis.
Quoniam tu solus Sanctus.
Tu solus Dominus.
Tu solus Altissimus, Jesu Christe.
Cum Sancto Spiritu in gloria Dei Patris.
Amen.


Abertos os céus para o resplandecer da glória! O vazio que tanta atração exerce é preenchido com uma luz ofuscante. Não nos deixa vê-lo, quem dirá apreendê-lo. Na distância que dele nos separa, vapores lúdicos embaçam nossas vistas: entretêm-nos.
Na beleza da representação de nossa incapacidade está, inadvertidamente, nosso estatuto mais original. Nas pinceladas de Tiziano ou nas de El Greco, o vazio resplandecendete da glória encontra sua visível expressão, sem no entanto deixar de altear-se para o além. Nesta fusão do pintar com o pintado fulgura, ainda que numa dimensão inapreensível, a escondida inoperosidade constitutiva dos que restam para cá das nuvens...

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