quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Imagens de perguntas

Painel 31 do Atlas Mnemosyne de Aby Warburg


Qual a recomposição material implícita na exposição de imagens de si nos espaços virtuais? Digo, quais os mecanismos de encadeamento-ligação entre a imagem exposta na internet, p.ex., e os objetos reais, cujos traços refletidos pela luz foram capturados e impressos na memória virtual de uma máquina e daqui lançados na rede virtual como imagem? Existe neste decalque de objeto, a imagem, ainda algum traço real do objeto? Quais as funções desta falta de objeto neste espaço que, por si só, implica relações outras de tempo e espaço? Os dados nos quais se converte a imagem no instante da sua transimissão pelo tempo-espaço desarranjado da virtualidade (e que se re-convertem em imagem nos mais diversos espaços-tempo, estes vinculados às irrupções que saltam a partir dos cliques dos receptores) são as fagulhas da imagem que deverá reemergir, ou outros objetos autômatos que re-criam a imagem fora de suas condições de extração originária? O que isso tudo tem a ver com a história que escreve (ou, que desenha) o homem? Há no jogo das virtualidades da internet o rompimento com a meretriz do "Era uma vez...", ou trata-se apenas de uma folguinha dada pelo cafetão? O que de mais carrega a instância das multiplicidades sincrônicas? É possível dizer que o lugar incerto do pulular das imagens esgota a história? O que na história de nossas sociedades muda com estas concomitâncias a que se submentem as imagens - seu aparecimento, sua dissolução, seu reaparecimento, seu registro virtual, seu esquecimento? Será que este aparente presente intenso e inesgotável se desvencilha da imagem como representação dos objetos? Ou ainda, será que o que se abre é realmente um presente intenso e inesgotável? Não seria uma pseudo-imagem aquela que ainda pretende representar os objetos? Qual a verdade por trás de uma imagem? Há uma verdade por trás de uma imagem? Isto é, há um objeto? Há um objeto histórico? As imagens históricas são imagens de objetos históricos? Não há um enredo que encadeiou tais imagens para que se pudesse expô-las como imagens de objetos históricos? A história é um objeto ou é imaginada? E esta imaginação: é ela referencial de um objeto ou é uma corda solta que, sem objetos à mão, apenas joga com imagens?

É preciso que a humanidade se desvencilhe das imagens - que se objetificam na forma de fantasmas que acompanham os homens em sua jornada (cada vez mais fantasmáticas) e de quem estes se tornam cada vez mais reféns - e tente uma imaginação liberada das imagens. Ao mesmo tempo, este é o próprio movimento de custódia e resguardo das imagens, agora porém imagens...

Um comentário:

Anônimo disse...

very nice! hahahahaha