Os lacaios de um deus sem rosto - mentecaptos trajados de branco - começam o ritual do servilismo. Operam rigorosamente dentro das distâncias que os separam de seu deus, mimetizando de modo infantil (no pior sentido) os sacrifícios sanguinolentos de outrora de forma banal: o mal impregna este mundo de seres que já não são capazes da faculdade de julgar, sobre a qual falava o velho onanista de Königsberg. Cantam a roda de Chronos deleitando-se com os objetos fantasmagóricos que há pouco seu sanguinário deus lhes havia dado (objetos que prometem uma completude que, porém, mostram apenas suas faltas - suas tão detestadas e esperadas culpas). A ânsia pelo ciclo, pelo cíclico, é o mal estar transformado em mercadoria. Jogam pólvora aos ares, lamentam perdas que nunca foram ganhos, clamam pelos próximos cretinos índices de "expectativa de vida" (expressão das que me causam mais nojo), deixando a vida à promessa e à venda. Incapazes de imaginar, são também incapazes tomar decisões. Repetem um ciclo mítico de esperança e que, entretanto, carrega o mundo à catástrofe. Como rolos de feno num deserto, vão ao sabor desses ventos míticos até que hoje, na comemoração fantástica, empesteiam o primeiro balneário que lhes aparece pela frente. E viva o Anno Domini Nostri Iesu Christi!!!
Imagem: Rogier van der Weyden. Tríptico Bladelin (asa esquerda). 1445-50. Staatliche Museen, Berlin.
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