segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Pequeno Parágrafo sobre o Azul


A máquina do mundo roda sobre minha cabeça. O som é azul, os sentidos faltam e a máquina continua seu giro inexorável. "Há manchas azul-claras no meio do esplendor do amarelo. Só meus olhos viram as manchas azul-claras. Fizeram bem aos meus olhos. Por que ninguém mais viu as manchas azul-claras no meio do esplendor do amarelo?" dizia Kandisky, talvez se sentindo mal com o peso da máquina sobre sua cabeça. Não há roteiros para o azul. Ainda ouço o som do canto dos pássaros do paraíso: ecoam azul em meio ao amarelo. Olho com mais olhos e nem mesmo o claro do azul ainda traz sentido. Falta. E talvez sejam olhos outros que deveriam olhar através dos meus pontiagudos olhos-armados. Trevas azuis. Lance de um dia. No mar profundo, a dor da existência. O azul eterno, irônico e opressor. Seu som incontrolável agonia. Azul é a cor da máquina do mundo.

Imagem: Kandinsky. Blue Crest. 1917.

2 comentários:

Letícia Amaral disse...

I love kandisky! Just this!

Letícia Amaral disse...

Há vários azuis manchados de amarelo dele no Pompidou, Paris. Vi de perto e guardei em fotografias. Vibrante.