Algo que me espanta - ao menos na aviação - é o fato de sempre se flutuar sobre algo, este oceano imperceptível, às vezes turbulento, que é o ar... (mesmo o ar, com dobras e planos e saliências).
Não há escape na imanência.
Até mesmo o cosmonauta flutua.
Não há flutuação no vazio.
Os significantes flutuantes sempre pairam em um terreno ambíguo. Este, por mais que não tenha a rigidez de um solo (muito menos de uma Ur-land!), possui uma consistência. É uma consistência: quase imaterial, o magma pressuposto da linguagem e dos extratos e sedimentos históricos que a acompanham. Murmúrios ditos e não ditos, multiplicidades babélicas, esquecimento, vasto vasto esquecimento!
A consistência do esquecimento.
Viver é consistir.
O silêncio dos espaços abismais - e a existência quase etérea destes - me apavora.
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