Le soir où cet homme a volé à la destinée quelques heures de plaisir, bercé dans sa digestion, oublieux — autant que possible — du passé, content du présent et résigné à l’avenir, enivré de son sang-froid et de son dandysme, fier de n’être pas aussi bas que ceux qui passent, il se dit en contemplant la fumée de son cigare : Que m’importe où vont ces consciences ?
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Perspectivas... já de outrora...
Le soir où cet homme a volé à la destinée quelques heures de plaisir, bercé dans sa digestion, oublieux — autant que possible — du passé, content du présent et résigné à l’avenir, enivré de son sang-froid et de son dandysme, fier de n’être pas aussi bas que ceux qui passent, il se dit en contemplant la fumée de son cigare : Que m’importe où vont ces consciences ?
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
A barbárie é silenciosa
Kafka, Kant, Drummond, Rosa... etc. Produtores de inutensílios - de excessos inutilizáveis (felizmente!). O problema básico da cultura é que seu extermínio pode ser silencioso, não são necessárias bombas nem derramamento de sangue.
A perplexidade surgiu depois de perceber que, na tarefa inglória de ser professor "da área de humanidades" para uma turma de técnicos, a incompreensão que estes possam ter de Montaigne ou Voltaire não mudará em nada suas vidas - talvez até os torne mais "felizes", mais "aptos" e obstinados para aquilo em que estão se "aperfeiçoando".
É como se Voltaire simplesmente não tivesse escrito nada, como se Montaigne tivesse se recolhido ao seu castelo e extraviado todos os seus manuscritos. Tanto faz se Brod queimou ou manteve intactos os textos de Kafka!
Não podemos amar a mulher que nem chegamos a conhecer. Isso não altera em nada nossas vidas. Conhecê-la talvez seria a "porta para outra vida nesta mesma vida". Mas, até aí, tudo paira na potencialidade, neste magma de virtualidades e consumações que formam o mundo.
Neste duro e espinhoso calvário que se tornou a terra, o pensamento é uma frágil bolha de sabão.
O silêncio destes espaços filisteus, cada vez mais vastos e desérticos, me apavora.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
A marcha da História
Miao Xiaochun: The Last Judgement in Cyberspace 2006
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Sais de uma lágrima que se vai
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Duração e diferença
Eis por que o segredo do bergsonismo está sem dúvida em Matéria e Memória; aliás, Bergson, diz que sua obra consistiu em refletir sobre isto: que tudo não está dado. Que tudo não esteja dado, eis a realidade do tempo. Mas o que significa uma tal realidade? Ao mesmo tempo, que o dado supõe um movimento que o inventa ou cria, e que esse movimento não deve ser concebido à imagem do dado. O que Bergson critica na idéia de possível é que esta nos apresenta um simples decalque do produto, decalque em seguida projetado ou antes retroprojetado sobre o movimento de produção, sobre a invenção. Mas o virtual não é a mesma coisa que o possível: a realidade do tempo é finalmente a afirmação de uma virtualidade que se realiza, e pra o qual realizar é inventar. Com efeito, se tudo não está dado, resta que o virtual é o todo. Lembremo-nos que o impulso vital é finito: o todo é o que se realiza em espécies, que não são à sua imagem, como tampouco são elas à imagem umas das outras; ao mesmo tempo, cada uma corresponde a um certo grau do todo, e difere por natureza das outras, de maneira que o próprio todo apresenta-se, ao mesmo tempo, como a diferença de natureza na realidade e como coexistência dos graus de espírito.
Se o passado coexiste consigo como presente, se o presente é o grau mais contraído do passado coexistente, eis que esse mesmo presente, por ser o ponto preciso onde o passado se lança em direção ao futuro, se define como aquilo que muda de natureza, o sempre novo, a eternidade da vida. Compreende-se que um tema lírico percorra toda a obra de Bergson: um verdadeiro canto em louvor ao novo, ao imprevisível, à invenção, à liberdade. Não há aí uma renúncia da filosofia, mas uma tentativa profunda e original para descobrir o domínio próprio da filosofia, para a atingir a própria coisa para além da ordem do possível, das causas e dos fins. Finalidade, causalidade, possibilidade estão sempre em relação com a coisa uma vez pronta , e supõe sempre que “tudo” esteja dado. Quando Bergson critica estas noções, quando nos fala em indeterminação, ele não nos está convidando a abandonar as razões, mas a alcançarmos a verdadeira razão da coisa em vias de se fazer, a razão filosófica, que não é determinação, mas diferença.
Deleuze, Gilles. Bergson, 1956 (Trad. Lia Guarino). In: Bergsonismo. São Paulo: Ed.34, pp. 137-138.