domingo, 2 de março de 2008

Chronos


... o tempo, o tempo, esse algoz às vezes suave, às vezes mais terrível, demônio absoluto conferindo qualidade a todas as coisas, é ele ainda hoje e sempre quem decide por isso a quem me curvo cheio de medo e erguido em suspense me perguntando qual o momento, o momento preciso da transposição? que instante, que instante terrível é esse que marca o salto? que massa de vento, que fundo do espaço concorrem para levar ao limite? o limite em que as coisas já desprovidas de vibração deixam de ser simplesmente vida na corrente do dia-a-dia para ser vida nos subterrâneos da memória...



Raduan Nassar. Lavoura Arcaica. 3º Ed. São Paulo: Cia das Letras, 1989. p. 99.
Foto: Roberto Linsker (da Exposição Mar de Homens).

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