domingo, 21 de dezembro de 2014
Estudo sobre a memória IX
Durma morte, minha irmã,
no coração dos apavorados
ainda sórdidos e mesquinhos.
A vida em tons arredios e ocre
pinta a porta de entrada e
se desfaz arrazoada e tola.
Entram santos e guerreiros
onde antes habitavam
a miséria, o luxo e o vento.
Desfaça, amada irmã,
o laço entre o sono e o sonho
e me convida a bailar
a última dança da noite.
E todo som e toda voz
serão silenciados em palavras,
e não restam poemas
tampouco amargor na boca.
Apenas a brisa suave do vento
que insiste em soprar
na porta de entrada que deixo,
para sempre, escancarada.
Imagem: Paul Gauguin. Eva bretã. 1889. McNay Art Museum, San Antonio.
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