Passava a noite em claro vendo o escuro dos sons daquele quarto. Ouvia doces aromas que, no vazio, encobriam-me com o calor do sonho. Quais os limites da linguagem? O que se cala no sonho? Como a noite vazia se fazia sentir aqui, neste ônibus repleto de espectros a vagar pela dureza das imagens que, tolos, chamamos real? Como dizer a percepção? Nada é representação assim como tudo o é. E o silêncio, nada além do silêncio, inunda o sem sentido de nossas frases. Como pensar sem ser metafísico? Como agir sem repetir tomadas de partido? Tudo e nada: a mistura desse algo e ao mesmo tempo nada que não cessa de não se escrever.
Imagem: Pieter Bruegel. A torre de Babel (detalhe). 1563. Kunsthistorisches Museum, Vienna.
2 comentários:
suspiro
Não consigo pensar sem metafísica... mas deveria
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