quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
Uma maloca em meio à barbárie
gosto de entardeceres, cheiro de café, livros novos, banho tomado e uma cerveja
a prosa precisa ser como o jazz, variações que causem surpresas e envolvam o corpo
minha eudaimonia está nestes pequenos e insignificantes signos mundanos
a visita dela um pouco mais tarde
conversas ao léu, derivas
nenhuma criação, nenhum obrar
busco o salário como o caçador sai à noite atrás de sua presa
e depois de devorada a esquece
meu devir-indígena em pleno concreto da pauliceia
uma rede, meus apetrechos de caça (livros e utensílios de escrita)
uma maloca em meio à barbárie
não quero o enlouquecimento nietzscheano
trágico e afetado em demasia
tampouco o ressentimento
o medo e a apatia burguesa
é preciso caçar, amar e agir
sim, este mundo de sons e cheiros um dia explodirá
chegaremos a 2666?
nada restará de memória humana.
Imagem: Paul Klee. Insula Dulcamara, 1938.
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