domingo, 14 de junho de 2015

Ao pai



Pássaros cruzam um deserto de nuvens
enquanto há pouco escutava vozes saídas de bocas estrangeiras
percorrer as distâncias dos nossos sonhos
pode ser uma leitura amarga da vida

Passam pássaros, passam pássaros

Idades dos anjos discutimos e
alguém certa vez disse:
mulheres haveriam de instruir os caminhos do deserto
e estamos soltos neste insólito mundo de nuvens e sonhos

O poeta pensou metamorfoses e as fez brotar no seio de Saudade
toda forma é um deserto
e os anjos envelhecem à espera
da nova revoada desses pássaros que insistem em passar

Quantas cartas ainda por escrever?
o amargor e a doçura, pares de sonhos, deserto da vida
há nuvens inundando bocas
enquanto escutamos as vozes que vêm d'ailleurs

Quando nossa conversa infinita acaba
transforma-se em escritura do desastre
e tudo que falo é apenas uma carta sem destino
uma folha a definir a direção dos ventos

Adeus

Nenhum comentário: