A história é o objecto de uma construção cujo lugar não é o tempo homogéneo e vazio, antes formando um tempo pleno de "agora". Assim, para Robespierre, a Roma antiga era um passado carregado de "agora", surgido do contínuo da história. A Revolução Francesa considerava-se um recomeço de Roma. Citava a antiga Roma exactamente como a moda cita um traje antigo. É ao percorrer a selva de outrora que a moda cheira o aroma daquilo que é actual. Ela é o salto de tigre no passado. Um tal salto não pode efectuar-se a não ser numa arena dirigida pela classe dirigente. Efectuando em pleno ar, o mesmo salto é o salto dialéctico, a revolução tal qual a concebeu Marx.
(BENJAMIN, Walter. Teses sobre a Filosofia da História. In: Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política. Lisboa: Relógio D´Água, 1992. p. 167. Tradução: Maria Luz Moita, Maria Amélia Cruz e Manuel Alberto.)
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