O futuro não está privado de história, ao que eu saiba. Se a finalidade possível de nossa história é a industrialização planetária, isto não quer dizer que o futuro do homem se desenvolve mecanicamente. O futuro é previsível, a história, não. Ou seja, os sociólogos podem prever um monte de coisas: as formas das residências, a quantidade de botões de calções que serão fabricados na Alemanha, o número de crianças que nascerão albinas, talvez... Mas a fluidez histórica do futuro sempre lhes escapará. Ela não é exprimível.
Pier Paolo Pasolini. As últimas palavras do herege. Entrevistas com Jean Duflot. São Paulo Brasiliense, 1983. Trad.: Luiz Nazário. p. 78.
Foto: Elliot Erwitt. 1953. NY.
Um comentário:
É como um insano e brutal jogo de futebol: algumas coisas podem ser previstas, forjadas... mas uma parte do dado sempre balança na gravidade do acaso (pode ser o local da tragédia mas também a libertação - o horror da catástrofe: ela é "automática" e "previsível" como uma engrenagem). Abraço, meu caro (pena este desencontro!)
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