quinta-feira, 24 de junho de 2010

As últimas palavras do herege



O futuro não está privado de história, ao que eu saiba. Se a finalidade possível de nossa história é a industrialização planetária, isto não quer dizer que o futuro do homem se desenvolve mecanicamente. O futuro é previsível, a história, não. Ou seja, os sociólogos podem prever um monte de coisas: as formas das residências, a quantidade de botões de calções que serão fabricados na Alemanha, o número de crianças que nascerão albinas, talvez... Mas a fluidez histórica do futuro sempre lhes escapará. Ela não é exprimível.

Pier Paolo Pasolini. As últimas palavras do herege. Entrevistas com Jean Duflot. São Paulo Brasiliense, 1983. Trad.: Luiz Nazário. p. 78.

Foto: Elliot Erwitt. 1953. NY.

Um comentário:

Gufo disse...

É como um insano e brutal jogo de futebol: algumas coisas podem ser previstas, forjadas... mas uma parte do dado sempre balança na gravidade do acaso (pode ser o local da tragédia mas também a libertação - o horror da catástrofe: ela é "automática" e "previsível" como uma engrenagem). Abraço, meu caro (pena este desencontro!)