Descrever a mentira é mentir novamente,
é deixar com que tudo o que se crê verdade
no fundo, creia-se também e integralmente,
o mais puro desdobrar de simples mentiras.
Levantar-se da cama com os olhos úmidos,
chorar novamente o choro já derramado.
Como podem tantas lágrimas retornarem?
Como posso descrever as minhas mentiras?
Cansado dos abusos da verdade, corro
para um tempo no qual toda e qualquer mentira,
desdobrada e fraudada na simplicidade,
é tão somente descrita como verdade.
Eu creio.
Imagem: Pieter Bruegel. Torre de Babel. 1563. Kunsthistorisches Museum, Vienna
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