quarta-feira, 26 de junho de 2013
A Molly Bloom
Enfrentando, em deriva, o vento de várias esquinas
não heroicas, esquinas de um bloom qualquer
saindo de bares quaisquer, com pensamentos quaisquer
forjei couraças, ouvi sereias, matei Cìclopes prestes a me devorar
meu mar foi a água que torrencialmente caía da rua Bartira
sozinho, irremediavelmente só, perdidamente exilado
Por que, Penélope, vem perturbar minha solidão
protegida contra intempéries e retornos?
Você me faz sonhar, em átimos, com a cama aquecida, com Ítacas-propriedades
com proteções
Mas minha não-esperança era uma educação sentimental
O mastro em meio ao vazio de desolação
Nec spe nec metu
Sem medo nem esperança
Não temo porque nada espero
Temer perdê-la é já tê-la perdido
Não há Ítacas,
Mesmo que meu coração sofra com o luto daquilo que não existiu
Não há Penélopes,
Apenas molly's que também sabem trair e fugir
Não há portos
Apenas devires, desespero e felicidades viajantes
Imagem: James e Nora Joyce
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