"Ciego en la inmovilidad, como basalto dentro de basalto, / me poseyó el olvido. Este fue mi descanso. // Permanecí, permanecí, pero mi hábito es la retracción, la / retirada hacia una especie maternal. // Y la virtud de mis oídos se adelgazaba dentro del silencio."
Imóvel num canto qualquer, possuído pelo esquecimento, lançava palavras para permanecer, para habitar o silêncio que as palavras carregam em si. Não há palavra que dilua minha imobilidade; vivo o silêncio, entretanto, sem descanso. Vozes outras acabam de dobrar a esquina e abraçam meu silêncio. Sem receio, sinto as vozes corar meu rosto, como se me envergonhasse de viver o silêncio de minhas palavras. Sem voz, espero sem esperanças pela minha Mnemosyne; sinto o presente como um presente do meu passado pois ele me é interdito (e que fique a ambiguidade). Havia alguém junto de mim? Havia alguma voz minha a me circundar? Havia algo além do silêncio? E com palavras tento em vão mover a máquina do mundo (que dançava sobre a cabeça do poeta); com elas tento menosprezar o silêncio que me faz basalto, como um tolo encantado pela beleza das vozes que carregam palavras. Nada diz o silêncio do mundo, e nada o tira do lugar. Está tudo aí: um lúgubre canto silencioso habitado por todos os eus e por nenhum deles ao mesmo tempo. Não há senão a confiança na desesperança. E todos eles e nenhum dizem-me adeus...
Imagem: Joseph Turner. Pescador no mar. 1796. Tate Gallery, London.
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