domingo, 6 de abril de 2014
As horas
Doem-me as horas
Opacas visões de estrelas mortas
a luz corre para rincões obscenos.
No palco, só as horas,
tristes e vazias, rompem meu silêncio.
Adoeço tal qual um frágil pároco idoso,
sem as amarras da fé a preencher as horas,
Estas sim, deusas sinistras
cultuadas sem cessar por almas perdidas.
Gestos de um cavaleiro só em meio à batalha.
Poeira da matéria cujo nome - ah!, o nome -
é vida. Sofro a corrosão profunda
desse vazio que me enche por completo.
Solto as cordas das palavras, dos nomes, das horas.
Sobram-me os rastros,
já quase apagados,
pela grande vitória do esquecimento.
Imagem: Miniaturista francês. Livro das horas. Por volta de 1530. Biblioteca Nacional, Paris.
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